GENPEX
GRUPO
DE ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO POPULAR E ESTUDOS FILOSÓFICOS E
HISTÓRICO-CULTURAIS –
O GRUPO é o desdobramento histórico
do Projeto Paranoá de Alfabetização e Formação de Alfabetizadores/as jovens e
adultos de camadas populares: uma iniciativa do CEDEP – Centro de Cultura e
Desenvolvimento Popular do Paranoá – UnB.
A trajetória do Projeto Paranoá
acompanha a própria constituição da história de Brasília e sua relação com o
fenômeno do êxodo rural. Forçados por questões econômicas, milhares de
migrantes deixam suas terras de origem à procura de maiores e melhores
condições de vida. A necessidade de moradia os levaria a desenvolver uma ação
coletiva que atendesse às suas necessidades de existência e sobrevivência.
Nesse movimento de luta e ocupação da terra, ocorrem vários enfrentamentos com
o braço repressivo do poder executivo do Distrito Federal, que, usando seu aparato
repressivo-coercitivo e persuasivo, tenta convencê-los a abandonar o Paranoá e
aceitar sua transferência para locais distantes do Plano Piloto[1].
No
conjunto de relações, caracterizadas pela contradição entre o negar a vida
(Estado) e o afirmar a vida (moradores), resultou uma grande organização e
mobilização dos moradores do Paranoá para suprir os bens de serviços
necessários à sua existência e sobrevivência: água, energia elétrica,
transporte, alimentação, educação, etc. Esse processo de mobilização surge da
ação de um grupo de jovens católicos que, no desdobramento de sua
ação-reflexão-ação religiosa, se engajam num movimento comunitário, também
denominado Grupo Pró-moradia do Paranoá. Organizado e mobilizado, esse grupo
pressiona o Estado, alcançando várias melhorias e, principalmente, o decreto de
fixação definitiva do Paranoá (Reis, 2000).
Nesse movimento de construção da história, a
alfabetização de jovens e adultos se colocava como necessária ao fortalecimento
da luta coletiva. É quando esses grupos recorrem à Universidade de Brasília e
buscam nessa instituição o apoio necessário aos seus objetivos: ler, escrever e
calcular e, simultaneamente, buscar soluções para os problemas do Paranoá e,
posteriormente, do Centro de Cultura e Desenvolvimento Popular do Paranoá -
CEDEP [2]
(idem, 2000).
O
CEDEP demandou apoio à Faculdade de Educação da UnB em 1986, que aceitou o
desafio na pessoa da professora Marialice Pitaguari, que permaneceu como
coordenadora até 1990, quando por razões de saúde retornou à sua cidade de
origem.
A
partir dessa data, o professor Renato Hilário dos Reis deu seqüência ao
trabalho, contando com a participação e colaboração de inúmeros professores,
servidores, alunos e diversos profissionais.
Em
2000, juntou-se ao Projeto Paranoá o Programa de Preparação à Educação Básica
do Servidor da UnB, PROCAP/ SHR.
[1] A Vila do Paranoá
fica próxima à barragem Paranoá, que separa o Lago sul e Lago Norte, locais nos
quais residem as pessoas com maior poder aquisitivo do Distrito Federal. É
importante frisar que, historicamente, houve uma tendência em Brasília a
transferir as populações mais pobres para regiões mais distantes do Plano
Piloto. Um exemplo marcante é a cidade de Ceilândia. Esta cidade, cuja sigla
CEI significa Companhia de Erradicação de Invasão, foi construída
originariamente para receber os moradores das chamadas invasões (ocupações) do
Plano piloto.
[2] Organização criada
pelo mesmo grupo de jovens que havia constituído o Grupo Pró-Moradia do
Paranoá.
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